Até às 15h30, não havia começado a audiência pública chamada pela Prefeitura de Salvador para apresentar as minutas do edital de licitação e do contrato de concessão do Projeto Linha Viva. O ato previsto para as 14h, na Escola Politécnica da UFBA, foi marcado por muita confusão e bate-boca entre populares e lideranças comunitárias, a favor e contra o projeto.
O BAHIA TODO DIA ouviu a parte mais interessada no assunto: as comunidades que seriam afetadas pela construção da via. “Somos a favor porque vai trazer melhorias para a comunidade e desafogará o trânsito em 40% na região. Tem que fazer outras também, como a 29 de Março e a Via Atlântica”, argumentou Reginaldo Filho, morador de Mussurunga e presidente da União dos Bairros.
Não é bem assim para Abraão Joviniano, presidente da Associação de Moradores de Saramandaia. “Somos contra porque não conhecemos o projeto detalhadamente. Queremos informações sobre seus impactos, as indenizações e como ficará a situação dos moradores que serão atingidos pelas obras”, disse preocupado.
Os vereadores Aladilce Souza (PCdoB) e Gilmar Santiago (PT) defenderam a suspensão das audiências sobre o tema. “É um absurdo o prefeito tentar aprovar um projeto de grande impacto na cidade, que atinge vários bairros, sem uma discussão mais ampla com a sociedade. A bancada do PCdoB entrou com uma representação junto ao Ministério Público, que determinou a suspensão das audiências”, afirmou Aladilce.
“Falta legitimidade a um prefeito em fim de mandato para fazer mudanças urbanas radicais na cidade. É uma via com pedágios, que não prioriza os pedestres. O prefeito está refém dos grupos econômicos que dominam Salvador”, completou Santiago.
MAIS PROTESTOS
Segundo João Pereira, presidente da FABS (Federação de Associações de Bairros de Salvador), “a suspensão da audiência é fundamental para analisarmos os documentos, vermos seus impactos ambientais. É uma via com 20 pedágios.”
Para Carl Von, arquiteto e do Fórum A Cidade Também é Nossa, querem fazer audiência para legitimar uma ilegalidade. “No PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) não consta essa via. Teria que haver uma mudança no PDDU para se implantar esse projeto”, explicou.
O PROJETO
A Linha Viva pega o norte da Avenida Paralela, ligando o Centro Histórico à região do Complexo Viário 2 de Julho, junto ao Aeroporto. Segundo a Prefeitura, a capacidade da via corresponde a 75% do tráfego atual da Paralela, com os quase 18 quilômetros sendo percorridos em 15 minutos.
Seriam três faixas de tráfego expresso, com capacidade de 2.200 veículos por hora em cada uma delas; dez conexões, através de alças e rampas com as principais avenidas do entorno e 20 travessias transversais, através de viadutos e passagens inferiores.
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