A Prefeitura de Salvador teve um incentivo especial para contratar, sem licitação e por R$ 12,3 milhões, o sistema de alfabetização elaborado pelo Instituto Alfa e Beto, a ser implantado nas escolas da Rede Municipal de Ensino de Salvador com o propósito de reforçar a alfabetização dos alunos, especialmente do 1º ao 5º ano. De acordo com informações do site do IAB, a entidade oferece R$ 200 mil ao prefeito “cuja rede de ensino conseguir o melhor resultado na Prova Brasil, a partir de 2014”. A Prova Brasil é aplicada a alunos de 5º e 9º anos do ensino fundamental público, nas redes municipais, estaduais e federais. “Com isso, o IAB pretende também disseminar a ideia de que educação boa é quando toda a rede de ensino tem um padrão elevado qualidade”, diz o site do Instituto Alfa e Beto sobre o prêmio de R$ 200 mil, destinado a “estimular a municipalização, a melhoria da qualidade, a equidade e a continuidade de políticas públicas bem sucedidas no ensino fundamental”. A ação de marketing não é vista com bons olhos por profissionais da área de educação. “Acho lamentável tratar a educação como uma questão de cunho pecuniário. Fica parecendo que estão substituindo o PPP - Projeto político-pedagógico por uma PPP, parceria público privada”, critica o vereador Silvio Humberto (PSB), que preside a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Laser da Câmara Municipal de Salvador. Segundo ele, está em curso um processo de “mercantilização” da educação. “Educação nunca pode ser tratada como uma mercadoria. Educação não é commodities” , conclui Humberto, que é professor universitário. A diretora do Departamento Jurídico da Associação dos Trabalhadores em Educação (APLB-Sindicato), Marilene Betros, considera a promoção do Instituto Alfa e Beto “indignante” por tratar de forma mercadológica questões pedagógicas e disse que a categoria vai “denunciar em cadeia nacional”. Segundo informações disponíveis na página do IAB, não é preciso fazer inscrição para disputar o prêmio, ao qual concorrem municípios com mais de 20 mil habitantes, que contem com “matricula de pelo menos 70% dos alunos na rede municipal”. A implantação do sistema do IAB recebeu críticas da Câmara Municipal e dos professores, que rejeitaram a íntegra do programa Alfa e Beto.
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