O tempo que a prefeitura demora para recorrer à Justiça sobre imóveis com criadouros da dengue permite que o mosquito se “perpetue” por três gerações. A Secretaria de Saúde de Rio Preto leva até 24 dias para tomar providências legais sobre imóveis fechados ou com recusas de visitas feitas pelos agentes municipais.
O período de trâmite até a prefeitura entrar no imóvel à revelia do morador equivale a três gerações do mosquito Aedes aegypti, que tem o ciclo de vida completo em apenas oito dias. Segundo o coordenador da Vigilância Ambiental de Rio Preto, Frank Hulder de Oliveira, os agentes visitam os imóveis por três vezes e só depois de dois termos de notificação, comprovando legalmente o risco sanitário à população, é publicado um auto de notificação no diário oficial do município.
Funcionários da Secretaria de Saúde de Rio Preto retiram sujeira em casa na Vila Diniz depois de notificação no diário oficial; foram necessários 15 caminhões para retirar todo o lixo do imóvel que foi encaminhado para o aterro sanitário
A publicação também é feita quando o morador se recusa a limpar o terreno caso os agentes de saúde encontrem criadouros do mosquito Aedes. O prazo estabelecido na publicação é de cinco dias úteis. Nesse período, o morador tem de retirar os criadouros do Aedes, bem como toda sujeira que propicie a proliferação de ratos, baratas, aranhas e escorpiões.
Caso o morador não faça a limpeza no prazo determinado, a Vigilância Ambiental, com apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar, entra no imóvel para fazê-lá.
Só nesta semana foram três notificações no diário oficial. Em um delas, a equipe de controle da dengue está realizando, com autorização judicial, limpeza na casa do aposentado Nelson Storti, 73 anos, na Vila Diniz. Foram retirados até quinta-feira (5) quinze caminhões de sujeira.
A carga retirada está sendo levada para o aterro sanitário. O morador era portador da síndrome de Diógenes, que se caracteriza pelo isolamento social, reclusão em seu próprio lugar, abandono da higiene e acúmulo de sujeira e materiais inúteis.
Ciclo do Mosquito
De acordo com a professora da Unesp de Rio Preto Hermione Bicudo, o ciclo do mosquito é divido entre: ovo, larva, pupa e adulto. “O ciclo dura em média oito dias, podendo sofrer variações entre sete e dez dias causadas pela quantidade de alimentos disponíveis e temperatura do ambiente”, afirma a professora.
Após atingir a fase adulta, o mosquito da dengue tem cerca de 45 dias de vida. “A fêmea do mosquito Aedes, que transmite a doença, pode botar até 300 ovos e picar mais de dez pessoas”, diz Hermione.
A Secretaria de Saúde de Rio Preto não divulgou até ontem o tipo de dengue que matou a ajudante de serviços gerais Ivonilde Domingues, 37 anos. Foi a primeira morte por dengue hemorrágica registrada neste ano na cidade e completa hoje 18 dias. O Instituto Adolfo Lutz divulgou recentemente que o resultado com o tipo do vírus é realizado em 48h.
Questionada sobre a demora no resultado, a assessoria de imprensa da prefeitura disse que o caso segue em investigação.
A amostra para a tipagem do vírus foi encaminhada no dia 26 e a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado informou que o resultado já foi encaminhado ao município na sexta-feira.
A amostra para a tipagem do vírus foi encaminhada no dia 26 e a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado informou que o resultado já foi encaminhado ao município na sexta-feira.
A Secretaria de Saúde nega qualquer tipo de resultado, erro na coletagem da amostra e não tem previsão de quando será divulgado o tipo do vírus, não descartando a hipótese de ser do tipo 4. O BOM DIA apurou que a primeira amostra enviada ao Instituto Adolfo Lutz não foi suficiente para atestar a tipagem do vírus. Até ontem, a cidade registrou 423 casos de dengue, sendo dois do tipo 4 e uma morte por dengue hemorrágica.
No ano passado, a cidade teve 12 mortes por dengue, sendo seis hemorrágicas e seis por complicações da doença. Foi a maior epidemia da história do município com 24.198 casos da doença. Uma mulher de 41 anos, moradora do Jardim Soraya, continua internada no Hospital Ielar com quadro de dengue com complicações.
Ela apresentou dor de cabeça, febre, prostração, queda de pressão arterial, dores musculares e manchas vermelhas pelo corpo. Já no HB tem duas pessoas internadas com suspeita de dengue, um rio-pretense de 23 anos e uma moradora de Mirassol de 27. Os exames do tipo de dengue nos dois casos estão sendo feitos pelo Instituto Adolfo Lutz.
Dengue 4
Rio Preto foi o primeiro município a registrar casos de dengue tipo 4 no estado de São Paulo. A primeira notificação deste sorotipo foi registrada no dia 4 do mês passado por uma paciente de 31 anos, moradora no Jardim Vivendas. A segunda notificação foi confirmada uma semana depois. Foi outra mulher, de 43 anos, moradora no distrito de Talhado.
Recusas
Somente nos três primeiros meses deste ano, 151 moradores recusaram a visita dos agentes de saúde. Mais grave, no entanto, é que dos 230 mil imóveis visitados, 63,9 mil estavam fechados.
Alerta sobre o Aedes
“A fêmea do mosquito Aedes, que transmite a doença, pode botar até 300 ovos e picar mais de dez pessoas”, Hermione Bicudo,
professora da Unesp de Rio Preto.
“A fêmea do mosquito Aedes, que transmite a doença, pode botar até 300 ovos e picar mais de dez pessoas”, Hermione Bicudo,
professora da Unesp de Rio Preto.
Fonte: Rede Bom dia.
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