O presidente Nacional do PSB
e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi eleito pela Revista Isto É,
deste domingo (1º), como o brasileiro Revelação de 2013. Eduardo é um dos
destaques da tradicional lista da Revista Isto É elencando os brasileiros do ano.
O texto valoriza a atuação do governador socialista como protagonista do fato
político mais importante do ano e o coloca à frente de um novo debate sobre o
futuro do Brasil.. Leia, abaixo, a reportagem de Claudio Dantas Sequeira ou
acesse o link AQUI
Revelação: Eduardo Campos
O governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, protagonizou o principal fato pré-eleitoral de 2013 ao se aliar
à ex-ministra Marina Silva. Com a parceria, tornou-se uma alternativa real ao
Planalto e ampliou o debate na campanha
Claudio Dantas Sequeira
O termo “divisor de águas”,
emprestado da geografia, define com precisão o que aconteceu no cenário
político em 6 de outubro deste ano. Sem conseguir oficializar a criação do Rede
Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva abriu mão da candidatura à
Presidência, rejeitou o cortejo de legendas de aluguel e anunciou, para a
surpresa de todos, apoio ao projeto do PSB de Eduardo Campos. Mais do que uma
virada de mesa no jogo eleitoral de 2014, o lance marcou a estreia de Campos na
disputa presidencial e revelou características pouco conhecidas do
pernambucano. Tido como um gestor eficiente, de temperamento sereno e
conciliador, Campos, eleito pela ISTOÉ como “Revelação do Ano”, mostra que
também pode ser um articulador extremamente eficaz, capaz de antever cenários
tão imprevisíveis como a aliança com Marina, tomar decisões sob pressão e fazer
política, conforme ele gosta de alardear, “acima de interesses eleitorais”.
“Meu avô (ex-governador Miguel Arraes) me ensinou a costurar alianças em torno
de ideias, pois quando uma eleição termina são elas que guiam o governo”,
afirma.
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O discurso do presidente do
PSB aproxima-se do clamor das ruas, o que também é uma novidade numa pauta
política tão marcada pelo fisiologismo. “Quando a política fica olhando apenas
para os interesses dos políticos, ela perde o sentido. Isso aconteceu em outros
momentos da história e voltou a ocorrer agora. Só que a sociedade está mais
atenta”, diz. Campos garante não ter dificuldade em decodificar a longa lista
de demandas aparentemente difusas que vieram à tona nos protestos populares. “A
sociedade quer seriedade dos políticos. Está mais exigente, quer participar da
democracia”, avalia. O governador de Pernambuco foi um dos poucos a sair da
crise de junho melhor do que entrou. Pesquisa Ibope/CNI divulgada no mês
seguinte às manifestações apontou Campos como o governador mais popular do
País, com um índice de confiança de 78%, um recorde nacional. Essa confiança é,
nas palavras do socialista, fruto da coerência de sua gestão e da trajetória
política.
No momento em que multidões
de jovens iam às ruas de São Paulo para tentar impedir o aumento de 20 centavos
na tarifa de ônibus, o valor da passagem em Pernambuco já era um dos mais
baixos do País. “Nós zeramos a carga tributária sobre o transporte coletivo e
condicionamos à licitação”, explica Campos. Reeleito em 2010 com 80% de apoio,
o governador pernambucano se orgulha de ter galgado “todos os degraus” da política
desde que foi chefe de gabinete do avô em 1988. No Executivo estadual foi
secretário de Governo por duas vezes, secretário da Fazenda, além de ministro
da Ciência e Tecnologia no governo Lula. No Legislativo, foi eleito deputado
estadual em 1991 e federal por três mandatos consecutivos, de 1991 a 2007.
“Conheço a máquina pública por dentro e por fora. Por isso trabalho tanto para
modernizá-la, tornando-a mais transparente, implantando a meritocracia e metas
de desempenho associadas ao salário. Nosso modelo de gestão foi premiado pela
ONU”, diz.
O sucesso obtido em áreas
fundamentais, como educação, saúde, infraestrutura e segurança pública –
Pernambuco vem caindo ano a ano no ranking da violência nos Estados –, é em boa
parte fruto de grandes volumes de investimento federal. Campos reconhece que
deve isso a Lula e ao governo do PT. Assim, evita ataques pessoais a Dilma ou
críticas ao velho padrinho político. Prefere apresentar-se ao eleitor como uma
alternativa para um novo ciclo de desenvolvimento, focado num governo com maior
participação social, na melhoria da qualidade dos serviços públicos e na
criação de um novo ambiente para o investimento. “Eu e Marina somos respeitados
pelo empresariado, que precisa ter confiança para investir sem medo de intervencionismo”,
afirma.
A aproximação entre Eduardo
Campos e Marina começou muito antes que a ex-ministra se tornasse a noiva mais
cobiçada da próxima eleição. “O PSB sempre apoiou Marina no Acre”, lembra
Campos. Em 2011, o governador de Pernambuco convidou para seu governo o
ecologista Sérgio Xavier (PV), aliado da ex-senadora e um dos ideólogos da
Rede. “Em abril, fomos ao STF tentar impedir a votação do projeto que inibia a
criação de novos partidos”, acrescenta. Como apostava na aprovação do projeto
para inviabilizar a candidatura de Marina, o PT estrilou com a intervenção do
PSB. O episódio foi a senha para o lançamento da pré-candidatura de Campos e o
inevitável rompimento com o governo Dilma Rousseff, oficializado em setembro.
A saída dos socialistas do governo
foi sendo pavimentada nesse período. O PSB ficou contra Dilma na votação de
temas importantes, como a MP dos Portos. O próprio Campos teceu críticas à
política econômica, enquanto a bancada no Congresso fazia chegar ao Palácio do
Planalto a insatisfação da legenda com a falta de diálogo. “Nosso partido
deixou de ser ouvido pelo atual governo há muito tempo. O rompimento era
inevitável”, justifica o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque. “Eduardo foi
muito paciente e tentou ao máximo adiar essa decisão”, revela. Ao avaliar o
ganho político da aliança com a ex-ministra Marina Silva, Campos não exigiu sua
filiação e resolveu colocar o PSB estrategicamente como uma espécie de
incubadora do projeto de Marina. “Fizemos uma aliança programática. Ainda não é
uma aliança eleitoral”, afirmou ela na ocasião.
Mas uma chapa encabeçada por
Eduardo Campos com Marina Silva de vice é cada vez mais provável. Essa
possibilidade vem sendo testada com sucesso nas pesquisas internas do PSB. Na
última delas, realizada pelo Ipesp de Antonio Lavareda, o socialista obtém 18%
das intenções de voto quando aparece em dobradinha com a nova aliada – um ponto
à frente do tucano Aécio Neves (17%). Seis pontos a mais do que quando surge
sozinho. Embora ainda não represente uma ameaça concreta à reeleição de Dilma
Rousseff (41%), Campos está otimista. Seu raciocínio parte do princípio de que
em 2010, num ambiente de crescimento econômico e sem inflação, Dilma não
conseguiu evitar o segundo turno. Marina tinha um minuto de TV, pouca estrutura
de campanha e recebeu 20 milhões de votos.
As diretrizes do programa de
governo PSB-Rede já estão traçadas e o documento final será elaborado até
março. Um site receberá as contribuições de eleitores de todos os pontos do
País. As sugestões servirão de base para debates agendados com diferentes
públicos, como universitários, movimentos sociais, empresários e políticos.
Paralelamente, Campos já trabalha para atrair outras legendas, como o PPS, o PV
e o PPL (Partido Pátria Livre). Com as alianças, espera conseguir quatro
minutos no horário eleitoral gratuito. O desafio é conseguir visibilidade. Até
agora, o grau de exposição de Campos e Marina na mídia é infinitamente menor do
que o da presidenta Dilma, ponderam os socialistas. Um levantamento dos últimos
60 dias indica que a petista teve mais de 70 minutos de mídia televisiva,
enquanto o socialista apareceu durante seis minutos e o tucano Aécio Neves teve
apenas um minuto de exposição. “Vamos explorar o potencial de 108 milhões de
brasileiros com smartphones ligados à internet”, afirma Campos.
Claudio Dantas Sequeira -
Revista Isto É
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