03 dezembro 2013

Isto É elege Eduardo Campos como o Brasileiro Revelação do ano 2013

O presidente Nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi eleito pela Revista Isto É, deste domingo (1º), como o brasileiro Revelação de 2013. Eduardo é um dos destaques da tradicional lista da Revista Isto É elencando os brasileiros do ano. O texto valoriza a atuação do governador socialista como protagonista do fato político mais importante do ano e o coloca à frente de um novo debate sobre o futuro do Brasil.. Leia, abaixo, a reportagem de Claudio Dantas Sequeira ou acesse o link AQUI


                                                    Revelação: Eduardo Campos

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, protagonizou o principal fato pré-eleitoral de 2013 ao se aliar à ex-ministra Marina Silva. Com a parceria, tornou-se uma alternativa real ao Planalto e ampliou o debate na campanha
Claudio Dantas Sequeira
O termo “divisor de águas”, emprestado da geografia, define com precisão o que aconteceu no cenário político em 6 de outubro deste ano. Sem conseguir oficializar a criação do Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva abriu mão da candidatura à Presidência, rejeitou o cortejo de legendas de aluguel e anunciou, para a surpresa de todos, apoio ao projeto do PSB de Eduardo Campos. Mais do que uma virada de mesa no jogo eleitoral de 2014, o lance marcou a estreia de Campos na disputa presidencial e revelou características pouco conhecidas do pernambucano. Tido como um gestor eficiente, de temperamento sereno e conciliador, Campos, eleito pela ISTOÉ como “Revelação do Ano”, mostra que também pode ser um articulador extremamente eficaz, capaz de antever cenários tão imprevisíveis como a aliança com Marina, tomar decisões sob pressão e fazer política, conforme ele gosta de alardear, “acima de interesses eleitorais”. “Meu avô (ex-governador Miguel Arraes) me ensinou a costurar alianças em torno de ideias, pois quando uma eleição termina são elas que guiam o governo”, afirma.

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O discurso do presidente do PSB aproxima-se do clamor das ruas, o que também é uma novidade numa pauta política tão marcada pelo fisiologismo. “Quando a política fica olhando apenas para os interesses dos políticos, ela perde o sentido. Isso aconteceu em outros momentos da história e voltou a ocorrer agora. Só que a sociedade está mais atenta”, diz. Campos garante não ter dificuldade em decodificar a longa lista de demandas aparentemente difusas que vieram à tona nos protestos populares. “A sociedade quer seriedade dos políticos. Está mais exigente, quer participar da democracia”, avalia. O governador de Pernambuco foi um dos poucos a sair da crise de junho melhor do que entrou. Pesquisa Ibope/CNI divulgada no mês seguinte às manifestações apontou Campos como o governador mais popular do País, com um índice de confiança de 78%, um recorde nacional. Essa confiança é, nas palavras do socialista, fruto da coerência de sua gestão e da trajetória política.
No momento em que multidões de jovens iam às ruas de São Paulo para tentar impedir o aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus, o valor da passagem em Pernambuco já era um dos mais baixos do País. “Nós zeramos a carga tributária sobre o transporte coletivo e condicionamos à licitação”, explica Campos. Reeleito em 2010 com 80% de apoio, o governador pernambucano se orgulha de ter galgado “todos os degraus” da política desde que foi chefe de gabinete do avô em 1988. No Executivo estadual foi secretário de Governo por duas vezes, secretário da Fazenda, além de ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula. No Legislativo, foi eleito deputado estadual em 1991 e federal por três mandatos consecutivos, de 1991 a 2007. “Conheço a máquina pública por dentro e por fora. Por isso trabalho tanto para modernizá-la, tornando-a mais transparente, implantando a meritocracia e metas de desempenho associadas ao salário. Nosso modelo de gestão foi premiado pela ONU”, diz.
O sucesso obtido em áreas fundamentais, como educação, saúde, infraestrutura e segurança pública – Pernambuco vem caindo ano a ano no ranking da violência nos Estados –, é em boa parte fruto de grandes volumes de investimento federal. Campos reconhece que deve isso a Lula e ao governo do PT. Assim, evita ataques pessoais a Dilma ou críticas ao velho padrinho político. Prefere apresentar-se ao eleitor como uma alternativa para um novo ciclo de desenvolvimento, focado num governo com maior participação social, na melhoria da qualidade dos serviços públicos e na criação de um novo ambiente para o investimento. “Eu e Marina somos respeitados pelo empresariado, que precisa ter confiança para investir sem medo de intervencionismo”, afirma.
A aproximação entre Eduardo Campos e Marina começou muito antes que a ex-ministra se tornasse a noiva mais cobiçada da próxima eleição. “O PSB sempre apoiou Marina no Acre”, lembra Campos. Em 2011, o governador de Pernambuco convidou para seu governo o ecologista Sérgio Xavier (PV), aliado da ex-senadora e um dos ideólogos da Rede. “Em abril, fomos ao STF tentar impedir a votação do projeto que inibia a criação de novos partidos”, acrescenta. Como apostava na aprovação do projeto para inviabilizar a candidatura de Marina, o PT estrilou com a intervenção do PSB. O episódio foi a senha para o lançamento da pré-candidatura de Campos e o inevitável rompimento com o governo Dilma Rousseff, oficializado em setembro.
A saída dos socialistas do governo foi sendo pavimentada nesse período. O PSB ficou contra Dilma na votação de temas importantes, como a MP dos Portos. O próprio Campos teceu críticas à política econômica, enquanto a bancada no Congresso fazia chegar ao Palácio do Planalto a insatisfação da legenda com a falta de diálogo. “Nosso partido deixou de ser ouvido pelo atual governo há muito tempo. O rompimento era inevitável”, justifica o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque. “Eduardo foi muito paciente e tentou ao máximo adiar essa decisão”, revela. Ao avaliar o ganho político da aliança com a ex-ministra Marina Silva, Campos não exigiu sua filiação e resolveu colocar o PSB estrategicamente como uma espécie de incubadora do projeto de Marina. “Fizemos uma aliança programática. Ainda não é uma aliança eleitoral”, afirmou ela na ocasião.
Mas uma chapa encabeçada por Eduardo Campos com Marina Silva de vice é cada vez mais provável. Essa possibilidade vem sendo testada com sucesso nas pesquisas internas do PSB. Na última delas, realizada pelo Ipesp de Antonio Lavareda, o socialista obtém 18% das intenções de voto quando aparece em dobradinha com a nova aliada – um ponto à frente do tucano Aécio Neves (17%). Seis pontos a mais do que quando surge sozinho. Embora ainda não represente uma ameaça concreta à reeleição de Dilma Rousseff (41%), Campos está otimista. Seu raciocínio parte do princípio de que em 2010, num ambiente de crescimento econômico e sem inflação, Dilma não conseguiu evitar o segundo turno. Marina tinha um minuto de TV, pouca estrutura de campanha e recebeu 20 milhões de votos.
As diretrizes do programa de governo PSB-Rede já estão traçadas e o documento final será elaborado até março. Um site receberá as contribuições de eleitores de todos os pontos do País. As sugestões servirão de base para debates agendados com diferentes públicos, como universitários, movimentos sociais, empresários e políticos. Paralelamente, Campos já trabalha para atrair outras legendas, como o PPS, o PV e o PPL (Partido Pátria Livre). Com as alianças, espera conseguir quatro minutos no horário eleitoral gratuito. O desafio é conseguir visibilidade. Até agora, o grau de exposição de Campos e Marina na mídia é infinitamente menor do que o da presidenta Dilma, ponderam os socialistas. Um levantamento dos últimos 60 dias indica que a petista teve mais de 70 minutos de mídia televisiva, enquanto o socialista apareceu durante seis minutos e o tucano Aécio Neves teve apenas um minuto de exposição. “Vamos explorar o potencial de 108 milhões de brasileiros com smartphones ligados à internet”, afirma Campos.


Claudio Dantas Sequeira - Revista Isto É

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