23 maio 2013

Sem controle, leishmaniose mata como dengue em Alagoas


Cães, segundo ONG, podem ser eutanasiados ou tratados, caso sejam infectados pela leishmaniose
Morte ou tratamento de cães infectados com calazar. Esse foi o principal assunto discutido durante toda a semana passada, no Congresso Mundial de Leishmaniose, em Porto de Galinhas, Pernambuco.
Atualmente, portaria interministerial determina a eutanásia desses animais.Para Marco Ciampi, presidente da ONG Arca Brasil, não há por que a sociedade aceitar a eutanásia de animais infectados, sem antes pensar no tratamento.
Segundo ele, o número de cães infectados tem aumentado nos últimos 50 anos devido à falta de ações mais eficazes no sentido de educar a população para evitar o aumento do único transmissor da doença, o mosquito flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como mosquito-palha, asa-branca ou pula-pula.Com isso, tem aumentado também o número de óbitos de seres humanos pela doença em Alagoas.
Este ano, a leishmaniose já matou mais que a dengue no Estado, e em outros anos, quando não houve epidemia, os números ficaram sempre aproximados. “Informações técnicas mostram que a medida [eutanásia] tem se mostrado ineficaz por não centrar o controle no mosquito vetor. A política brasileira caminha na tentativa de eliminar a doença através de um dos reservatórios, que é o cão. A própria Organização Mundial de Saúde confirma que essa medida tem sido ineficaz”, disse Ciampi.
A indagação “matar ou tratar” adentra no aspecto ético da saúde e, com mais frequência, os órgãos em defesa dos animais têm cobrado soluções que não envolvam a eutanásia de cães para problemas desse tipo. Apesar das reivindicações dos ativistas, o Governo ainda se mostra indisposto a investir no tratamento da leishmaniose em animais.
“O Brasil é o único país que extermina o cão como medida de controle. Países como Espanha, França e Itália, além de exercerem o controle do mosquito, permitem o tratamento do animal sem nenhum problema. A Espanha, inclusive, fornece os medicamentos para que o animal seja tratado”, comentou o presidente da Arca Brasil.
Desde 2008, uma portaria interministerial impede o tratamento de cães infectados no Brasil. Porém, segundo a ONG, no início deste ano, o Superior Tribunal de Justiça da 3ª Região tornou ilegal a portaria por ter entendido que a atitude coíbe o veterinário de exercer sua profissão.
No Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, donos de animais que entraram na justiça pelo direito de tratar seus cães ganharam a ação. Em Alagoas o caso ainda é tratado de acordo com a portaria.

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