Por Ubiraci Moraes
No último domingo de novembro, inicia-se o Tempo do Advento. Tempo de espera, de preparação para celebrar, liturgicamente, o nascimento de Jesus, no Natal. Mas também, e sobretudo, a esperança é a temática principal desse momento do Calendário Litúrgico da Igreja Católica. Antes, trata-se de um desafio para todo ser humano, independentemente de professar a fé católico-cristã ou a de qualquer outro segmento religioso, ou o ateísmo.
De fato ter esperança, quando o que se vê é a violência sendo disseminada em todas as camadas sociais brasileiras (e do mundo), ou ainda seres humanos vitimados por epidemias como o ebola, fica difícil alimentar a esperança.
Talvez a experiência da morte seja mais desafiadora, principalmente quando atinge um ente querido, um amigo... Que esperança alimentar nessa situação? O que parece como evidência é a dor da perda, da ausência e a certeza de que não se sentará mais à mesa para conversar nem beber alguns goles de cerveja. Se a fé for o alento, a esperança traduzir-se-á no reencontro no pós-morte. Até lá, todavia, a dor da ausência permanece. Se for ateu, a consciência da finitude da vida será um conforto para encarar a morte como algo natural e necessário. Nesse caso, a esperança estaria na construção de projetos para tornar a existência dos homens e das mulheres menos dolorosa. Tudo indica que a humanidade está condenada a ter esperança.
Sendo assim, o cultivo da esperança perpassa os limites da crença religiosa. Teima em permanecer mesmo diante das trevas que insistem em acompanhar as pegadas da humanidade. Torna-se, desse modo, necessária para manter o equilíbrio dos seres humanos. Isso porque, sem esperança, a vida perderia o sentido.
Por isso que celebrar o Tempo do Advento é muito significativo e simbólico. Significativo porque nos remete à esperança de que a morte e as trevas não dirão a última palavra, pois Jesus, a esperança encarnada, vai nascer - pelo menos é nisso que mais de 1 bilhão de cristãos católicos acredita. Simbólico porque reaviva nas pessoas a esperança de dias melhores. Impele o homem e a mulher a construírem projetos, a criarem remédios, vacinas, tecnologias que servem para amenizar o nosso sofrimento. Que seria da humanidade sem a esperança dos cientistas, médicos, dentre tantos outros que nos ajudam a viver melhor? Sob a perspectiva da esperança, todos se encontram no Tempo do Advento, sejam crentes ou ateus.
Portanto, a renovação da esperança é necessária. Cultivemo-na, pois, entre nós!
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