por Renata Farias, de São Paulo
Foto: Getty Images
Apesar do grande risco de contração de doenças sexualmente
transmissíveis, as brasileiras se preocupam muito mais em evitar uma
gravidez indesejada. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Bayer
em vários países, apenas 6% das jovens brasileiras utilizam preservativo
quando adotam o uso da pílula. O estudo analisou como a memória das
mulheres millennials – geração composta por jovens adultos com idade
entre 20 e 35 anos – pode ser afetada pelo estresse consequente do
estilo de vida em que são cobradas por um perfil multitarefa. A ação
mais esquecida pelas mulheres dessa geração é justamente o uso regular
da pílula anticoncepcional. No total, 58% das brasileiras disseram ter
esquecido pelo menos uma vez no último mês. Entre os principais motivos
para o esquecimento estão não tomar a pílula sempre no mesmo horário
(32%), não deixá-la em lugar visível (21%), estresse no trabalho ou nos
estudos (20%) e agenda cheia (17%). Como solução para evitar o
esquecimento e uma possível gravidez indesejada, o professor do
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Agnaldo Lopes Silva defendeu
o uso de contraceptivos reversíveis de longa duração (Larcs, na sigla
em inglês). “São métodos com duração de pelo menos um ano, a exemplo do
implante subcutâneo e do DIU”, explicou em coletiva de imprensa
realizada nesta terça-feira (27). No entanto, em abril deste ano, o
Ministério da Saúde decidiu pela não inclusão de Larcs no Sistema Único
de Saúde. Quando questionado sobre o desenvolvimento de um
anticoncepcional masculino, Rubens Weg afirmou que pesquisas mostraram
que as mulheres não confiariam nos homens como responsáveis pela
contracepção, o que inviabilizou o prosseguimento. Durante o evento, a
discussão trouxe à tona um tema amplamente debatido nas últimas semanas:
o tromboembolismo associado ao uso de anticoncepcionais. Apesar dos
casos recentemente noticiados, a doutora em medicina reprodutiva e
ginecologia endócrina Marta Finotti explicou que o risco é muito menor
durante o uso da pílula do que em caso de gravidez, por exemplo. “O
tromboembolismo é extremamente raro. Ele ocorre, em média, em cinco a
cada 10 mil mulheres sem o uso da pílula. A pílula aumenta essa taxa de
duas a três vezes. Com a gravidez, o risco de tromboembolismo é muito
maior. Ela eleva para 30 a cada 10 mil mulheres. Já no puerpério, que é o
período logo após o parto, passa para 70 a cada 10 mil mulheres”,
afirmou. Marta ainda ressaltou que o risco é registrado, no máximo, até o
primeiro ano de uso da pílula. “Se a mulher já vem usando, não
justifica parar”. Quanto às acusações recentes sobre negligência médica,
Silva defendeu que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que
sejam observados pressão arterial e peso das pacientes antes de
prescrever a pílula. “Esses exames para definir fatores de risco para
trombose não são recomendados. É preciso lembrar que obesidade e
tabagismo significam um risco muito maior do que o uso da pílula”,
completou. A pesquisa “Millennials e Contracepção” entrevistou 4,5 mil
mulheres com idade de 21 a 29 anos em nove países.
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