28 setembro 2016

Pesquisa aponta que 94% das brasileiras não combinam uso de anticoncepcional e camisinha

por Renata Farias, de São Paulo
Pesquisa aponta que 94% das brasileiras não combinam uso de anticoncepcional e camisinha
Foto: Getty Images
Apesar do grande risco de contração de doenças sexualmente transmissíveis, as brasileiras se preocupam muito mais em evitar uma gravidez indesejada. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Bayer em vários países, apenas 6% das jovens brasileiras utilizam preservativo quando adotam o uso da pílula. O estudo analisou como a memória das mulheres millennials – geração composta por jovens adultos com idade entre 20 e 35 anos – pode ser afetada pelo estresse consequente do estilo de vida em que são cobradas por um perfil multitarefa. A ação mais esquecida pelas mulheres dessa geração é justamente o uso regular da pílula anticoncepcional. No total, 58% das brasileiras disseram ter esquecido pelo menos uma vez no último mês. Entre os principais motivos para o esquecimento estão não tomar a pílula sempre no mesmo horário (32%), não deixá-la em lugar visível (21%), estresse no trabalho ou nos estudos (20%) e agenda cheia (17%). Como solução para evitar o esquecimento e uma possível gravidez indesejada, o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Agnaldo Lopes Silva defendeu o uso de contraceptivos reversíveis de longa duração (Larcs, na sigla em inglês). “São métodos com duração de pelo menos um ano, a exemplo do implante subcutâneo e do DIU”, explicou em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (27). No entanto, em abril deste ano, o Ministério da Saúde decidiu pela não inclusão de Larcs no Sistema Único de Saúde. Quando questionado sobre o desenvolvimento de um anticoncepcional masculino, Rubens Weg afirmou que pesquisas mostraram que as mulheres não confiariam nos homens como responsáveis pela contracepção, o que inviabilizou o prosseguimento. Durante o evento, a discussão trouxe à tona um tema amplamente debatido nas últimas semanas: o tromboembolismo associado ao uso de anticoncepcionais. Apesar dos casos recentemente noticiados, a doutora em medicina reprodutiva e ginecologia endócrina Marta Finotti explicou que o risco é muito menor durante o uso da pílula do que em caso de gravidez, por exemplo. “O tromboembolismo é extremamente raro. Ele ocorre, em média, em cinco a cada 10 mil mulheres sem o uso da pílula. A pílula aumenta essa taxa de duas a três vezes. Com a gravidez, o risco de tromboembolismo é muito maior. Ela eleva para 30 a cada 10 mil mulheres. Já no puerpério, que é o período logo após o parto, passa para 70 a cada 10 mil mulheres”, afirmou. Marta ainda ressaltou que o risco é registrado, no máximo, até o primeiro ano de uso da pílula. “Se a mulher já vem usando, não justifica parar”. Quanto às acusações recentes sobre negligência médica, Silva defendeu que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que sejam observados pressão arterial e peso das pacientes antes de prescrever a pílula. “Esses exames para definir fatores de risco para trombose não são recomendados. É preciso lembrar que obesidade e tabagismo significam um risco muito maior do que o uso da pílula”, completou. A pesquisa “Millennials e Contracepção” entrevistou 4,5 mil mulheres com idade de 21 a 29 anos em nove países.
 
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