por Lígia Formenti | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução / Pixabay
Levantamento feito pelo governo federal e municípios mostra que 855
cidades estão em situação de alerta ou de risco para epidemias de
dengue, chikungunya e zika neste verão. Esse grupo, equivalente a 37,4%
dos municípios pesquisados, apresenta altos índices de criadouros do
Aedes aegypti, vetor das três doenças. O número, 18% menor do que o
apontado no levantamento de 2015, causou um misto de apreensão e
frustração entre autoridades sanitárias. A expectativa era de que a
redução fosse maior, principalmente por causa da grande discussão em
torno da microcefalia, má-formação congênita associada à infecção pelo
zika. Todo aparato montado ao longo deste ano, as visitações feitas nos
domicílios, trouxeram um impacto menor do que o esperado. A consequência
é a de que o Brasil se prepara para enfrentar um verão com dez capitais
com número de criadouros do mosquito muito acima do que é considerado
seguro e com o risco de maior circulação do chikungunya, uma doença que
pode se tornar crônica, provocar dores e ser incapacitante. Ao
apresentar os dados, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, reconheceu que
a redução de criadouros foi menor do que o desejado e responsabilizou
os municípios e a população: "Por isso que o presidente do Conselho de
Secretários Municipais está aí. Para que motive os municípios a
participar de uma forma mais efetiva. Não há força pública capaz de
combater o mosquito. Ou a população se engaja ou nós não vamos conseguir
vencer essa batalha." O ministro voltou a dizer que a maior preocupação
deste ano é com chikungunya. "Qualquer crescimento do número de
criadouros representa o risco de mais pessoas atingidas. E é uma doença
incapacitante, gera muitas dores, as pessoas requisitam auxílio-doença,
custa caro para o governo. Nossa preocupação é sensibilizar a população,
para que se proteja, para que use repelentes, para que evite a
exposição ao mosquito", disse. Embora os resultados obtidos ao longo do
ano sejam pouco animadores, Barros afirmou esperar que o trabalho de
combate ao mosquito nos próximos meses seja eficaz. Questionado se
haveria uma epidemia no País de chikungunya no próximo ano, ele afirmou:
"Mesmo se os casos dobrarem, teremos 500 mil casos. Não é uma epidemia
para o Brasil, mas é uma preocupação", disse. O levantamento, batizado
de Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), foi feito
em 2.284 dos 3.704 municípios considerados aptos para fazer a pesquisa,
por terem mais de 2 mil imóveis. A pesquisa é feita por adesão. Barros
afirmou haver uma proposta de se transformar, para o próximo ano, o
LIRAa em obrigatório a todos os municípios. "Todos têm de colaborar." O
trabalho deste ano mostra que nas regiões Nordeste e Sul, a maior parte
dos criadouros foram encontradas em depósitos de água, como tonéis
tambores e caixas. No Nordeste e Centro-Oeste, depósitos maiores foram
encontrados em depósitos de lixo. O Sudeste foi a única região em que a
maior parte dos criadouros estava em depósitos domiciliares. No
Nordeste, metade dos municípios está em situação de alerta ou de risco.
Entre elas, destaque para as capitais Rio Branco, Belém, Boa Vista e
Manaus. No Nordeste, o número é ainda mais preocupante: 63,2% das
cidades estão em situação de risco ou de alerta. Capitais estão nesta
lista: Aracaju, Salvador, Recife. No Centro-Oeste, 21,5% dos municípios
visitados estão em condição de risco e alerta. No grupo com essa
classificação estão as capitais Cuiabá (em situação de risco)e Goiânia.
No Sudeste, Vitória está em situação de alerta. Ao todo, 22,9% das
cidades que fizeram o LIRAa estão em situação de alerta e risco. São
Paulo, Rio estão em situação considerada satisfatória.
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