Foto: PAHO/ WHO
Um caso inédito de glaucoma congênito decorrente do Zika foi
relatado nesta terça-feira (29) pelo pesquisador Bruno de Paula Freitas,
oftalmologista do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em publicação
na revista Ophthalmology. "Essa é a primeira vez que é descrito na
literatura científica a presença de glaucoma congênito em um bebê com
comprovada infecção pelo Zika vírus. Doença rara e grave, pois pode
levar à cegueira permanente, o glaucoma congênito é caracterizado pelo
aumento da pressão intraocular em crianças portadoras de má formação nos
olhos", explicou o médico. Para chegar à conclusão do trabalho
científico, Freitas contou com a parceria de pesquisadores da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de Yale
(EUA) e dos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do
Instituto Evandro Chagas (IEC). Juntos, os autores relatam o caso em um
bebê de três meses de idade, nascido em Salvador, com sorologia positiva
para Zika vírus e negativa para dengue e outras possíveis causas de
infecções congênitas. "A criança apresentava microcefalia, alterações
dos membros inferiores, além de outras alterações cerebrais, como o
desenvolvimento incompleto do corpo caloso e lisencefalia, também
conhecido por 'cérebro liso', devido à falta de sulcos e reentrâncias
que observamos em um cérebro normal", lembrou Freitas. O oftalmologista
contou ainda que a criança estudada apresentava aumento do globo ocular
direito, associado à fotofobia, e lacrimejamento persistente, bem como
irritabilidade constante. O bebê foi submetido à trabeculectomia,
cirurgia para tratar o glaucoma congênito do olho direito. Isso fez com
que a pressão intraocular fosse normalizada, o edema corneano reduzido e
melhorasse a irritabilidade, a fotofobia e o lacrimejamento. Na
avaliação dos autores, o trabalho acende um forte alerta para a atenção
que deve ser dada ao glaucoma congênito, já que se trata de uma
patologia de alto potencial de perda visual irreversível.
Bahianotícias
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