10 maio 2012

DESABAFO DE UM AGENTE DE COMBATE AS ENDEMIAS


Bira


O horário no FAD é imprescindível? Antes de respondermos a essa pergunta, faz-se necessário explicar qual é a função dos agentes de saúde. Desse modo, poderemos distinguir o que é essencial do que é secundário nas atividades desses profissionais. Para isso, lançaremos mão da Lei 11.350/2006. Vejamos o que ela afirma:

Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como atribuição o exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de cada ente federado.

Essa lei federal coloca a vigilância, a prevenção, o controle de doenças e a promoção da saúde como atribuições essenciais das atividades dos ACEs. Logo, as ações a serem adotadas precisam favorecer a capacitação dos agentes, de modo que as suas atividades laborais possam ser realizadas de forma eficiente. Isso porque o importante na vida profissional deles é a prevenção e o controle das doenças endêmicas.

Assim, é irrelevante a preocupação com o registro do horário no FAD, advogada por alguns como algo imprescindível para a realização dos trabalhos preventivos. Que diferença faz para a prevenção se colocamos ou não o horário? Nenhuma. Além disso, há situações perigosas nas quais o bom senso pede que não façamos a anotação, mas o trabalho consegue ser desenvolvido.

Desconfiamos que essa postura esteja alicerçada numa visão negativa sobre os ACEs. Não acreditam na responsabilidade desses profissionais nem no comprometimento deles com o trabalho, o que pensamos ser lamentável. Daí a preocupação com essas medidas, que funcionam mais como um meio de controle. Mas que no fim mostram-se ineficazes e só servem para causar descontentamento entre os servidores.

Disso inferimos que ares novos precisam entrar pelas janelas do Programa Municipal de Controle da Dengue – PMCD. Talvez, assim, novas atitudes sejam adotadas, e os elementos secundários não prevaleçam sobre os essenciais. Se as inovações não vêm pelo PMCD, estão vindo pela luta dos agentes de saúde.
Bira - ACE.

5 comentários:

  1. Parte 1
    Realmente, acredito colega, que não levantas esta bandeira sozinho...Lidar com a questão do Combate à Dengue, requer que vislumbremos diversos aspectos que envolve a realidade do “corpo social” em que atuamos. Não é uma tarefa fácil, pois engloba inúmeras situações que em sua maioria foge ao que “delimitam” como campo de atuação do Agente de Endemias.

    Conhecer os aspectos geográficos –sócio- econômico-político da área em que atua, facilitará bastante no levantamento de dados e informação, assim como melhor análise e criação de possíveis estratégicas para a mobilização dos diversos sujeitos, na construção do que tanto alvejamos: a responsabilidade social individual e coletiva no controle ao vetor da Dengue.

    Mas quando falamos em “conhecer” a população, logo nos deparamos com uma realidade que por vezes dificulta este processo. Infelizmente, atualmente lidamos com um aumento significativo da violência em determinadas cidades. Isto é um ponto negativo, uma vez que “restringe” as possibilidades de vivência em determinadas localidades. Localidades estas , quem em sua maioria , representam o maior indicies de infestação. Áreas que necessitam , e muito da presença de ações que tragam a informação e permitam a construção de uma consciência da importância de uma postura ativa diante da realidade que é a doença da Dengue em nosso país.
    *(continua próximo comentário -Paula Q 0

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  2. Parte 2

    Este é um ponto que devemos tomar como base, antes que qualquer pretensão de adentrar estas áreas. Mobilizar significa movimentar, “motivar”, mover “em prol de”(causa,campanha). E isso só será possível a partir do momento em que conseguimos transmitir e “sensibilizar” cada sujeito da importância da sua participação. E estes indivíduos, só se sentirão responsáveis a partir da tomada de consciência, processo pessoal, que envolve vivência, reflexão, sensibilização e “internalização” de determinados conhecimento. Não podemos achar que apenas ao transmitirmos uma determinada informação, está será assimilada e causará uma mudança de comportamento do indivíduo. Para que possamos alcançar o “movimento/ a motivação” teremos que tocar-lhe o sentimento. E para tanto, temos que estar “próximo”. “próximo” a ponto de sensibiliza-los, de envolve-los, de despertá-los o “interesse” por determinado assunto. O que impulsiona o aprendizado é o interesse do aprendiz. E acredito ser este o nosso desafio. Instigar o interesse em ser ativo.
    Adentrar uma comunidade”fechada” não é tarefa fácil. Temos que nós tornar mais um entre os membros desta comunidade. Temos que conquistar a confiança, o respeito e principalmente temos que ter uma “utilidade” no contexto. A admiração como profissional e a firmeza na atuação. Só assim poderemos construir de maneira “respaldada” a importância que cada um representa na luta diária contra o vetor da dengue. Isso é válido independente do nível social da comunidade em que se atue.
    *(continua próximo comentário -Paula Q 0

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  3. Parte 3
    Outro ponto fundamental para o êxito dos trabalho de mobilização social é propor medidas adequadas para cada realidade. Infelizmente não contamos com o respaldo de recursos financeiros dos órgãos públicos. Temos que fazer o tão conhecido “improviso’. E nisso temos que ser muito bons. Temos que trazer propostas “imediatas” que estejam ao alcance da população para que a mobilização jamais deixe de acontecer. Temos que “juntos” analisarmos e criarmos meios de conseguirmos “melhorar” a situação sem que dependamos de aspectos políticos e financeiros. Temos que buscar alternativas que modifiquem de maneira positiva a realidade daquela população.
    Fazer com que as pessoas assumam uma postura ativa diante das resoluções dos problemas e parem de responsabilizar apenas as autoridade, os órgãos públicos e os vizinhos. Nas experiências em campo inúmeras vezes ouvimos dos moradores” olha, aqui ta tudo limpinho, aqui não deixo nada pra dengue não, mas venha ver... você tem que falar com meu vizinho...” e no decorrer das inspeções, não mais para a nossa surpresa... olha um foco... bem na casa de quem disse que não oferecia risco nenhum à população. É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro. Assumir a responsabilidade “dá trabalho”. E as pessoas nem sempre querem “ter trabalho” . Mas pensar assim é um luxo apenas para aqueles que ainda não contrairam ou tiveram entes queridos enfermos pela dengue.

    (continua no próximo comentário)Paula Q.

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  4. Parte4

    Nosso intuito é ajudar as pessoas a se conscientizarem de maneira mais branda... sem que precisem passar por uma experiência desagradável. É para isso que temos que nos unir e buscar uma mobilização efetiva e progressiva no combate à dengue.
    Temos que fazê-las despertar para o fato de que o combate à dengue depende diretamente da atuação ativa de cada cidadão dentro de suas casas e em seu dia-a-dia, nos mais diversos “palcos” sociais. Seja em suas casas, seja, na rua, no ambiente de trabalho, nos locais de lazer... todos somos responsáveis estejamos onde estivermos. E faz-se necessário que cada um faça sua parte para que ninguém fique “sobrecarregado’. E não importa se nem todos tenham ainda a “consciência” da responsabilidade... quem a tem, tem a “obrigação e o dever” de pô-la em prática .

    Eu,como agente de Endemias, tenho muita vontade e muitas ideias para por em prática projetos de mobilização. Mas em contra partida percebo que o sistema que estabelece as “regras” do trabalho me limita e me desanima de leva-los adiante. Sinto , que no programa de combate à dengue, pelo menos no âmbito do trabalho em campo, mantém profissionais a frente dos trabalhos, ao meu ver , estão extremamente despreparadas (mas pode ser que tenham sido preparadas exatamente desta maneira, não sei!)tentando manter a todo custo as ideias novas bem longe do dia-a-dia do trabalho. Um modelo inflexível, totalmente ditado e sem qualquer possibilidade de reflexão , analise, avaliação e readaptação. Ou seja, algo totalmente contrario ao progresso do programa, uma vez que toda ação deve ser analisada, planejada, avaliada e adaptada à realidade em que está inserida.
    *(continua próximo comentário -Paula Q 0

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  5. Parte 5
    Não consigo conceber uma rotina de trabalho em que o quantitativo se sobrepõe ao qualitativo QUANDO ambos deveriam andar JUNTOS. Não num trabalho que envolve saúde pública. Isso é inadmissível! Lamento por mim, por meus colegas empenhados na causa da qualidade do atendimento público e principalmente, lamento pela população soteropolitana.
    Infelizmente, a mim só resta escrever. Escrever textos, que como este ,não será dada a mínima importância. Mas não sei ao certo o porque, parece que algo alivia-me ao digita-lo... talvez a esperança de que alguém venha se importar e possa percorrer caminhos que não me são possíveis AINDA.
    Grata pela atenção, Paula Queiroz Magalhães.

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