O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, veio a Salvador na manhã da quinta-feira (18) de novembro para lançar a Campanha Nacional de Combate à Dengue em 2010. A apresentação do ministro durante a coletiva de imprensa fez parte da programação do 1º Encontro Estadual de Regionalização da Saúde no SUS-BA, promovido pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). E um grupo de agentes se organizaram e entregaram uma carta ao ministro e ao secretário de saúde do estado Jorge Solla, veja o conteúdo:
Salvador. 18 de Novembro de 2010.
Excelentíssimo Senhor Ministro da Saúde Dr. José Gomes Temporão,
Peço encarecidamente, que Vossa Excelência leia esta mensagem e tome as devidas providências, em caráter de urgência, em relação às equipes ligadas ao programa da dengue aqui em Salvador, caso contrário, o índice de infestação vai continuar aumentando, devido à maneira, desvalorizada e cruel em que está sendo submetidos os Agentes de Endemias, ao ponto da alto-estima desses profissionais se encontrarem muito baixa, o que proporciona ao um constante adoecimento da categoria, resultando em afastamento do trabalho, inclusive, pela junta médica deste município. Estamos também sofrendo com trabalho escravo e todo tipo de assédio moral na nossa atividade, não temos banheiro nos PAs (Ponto de Apóio); onde passamos a usar terrenos baldios e vegetação para satisfazer as nossas necessidades fisiológicas, não temos direito a água para beber nesse sol escaldante de Salvador; não temos horários mais condizentes para almoçarmos com maior tranqüilidade. As pessoas, que se encontram a frente deste programa de combate a dengue em Salvador, só têm interesse em quantidade (números) e não em qualidade. Os coordenadores da FUNASA nos tratam como os piores seres vivos, muitas vezes, nos dizendo que só temos direitos a chicotadas neste ambiente de trabalho.
A coordenadora do referido programa não tem condições emocionais para lidar com situações complexas, como por exemplo: um acidente de trabalho no campo, deixando o agente, em má situação; o Centro de Controle Zoonoses está com vícios administrativos e éticos, e precisa também de uma Assistente Social (que não sofra vícios e seja independente) para encaminhar e providenciar as medidas cabíveis em caso grave como os de acidente de trabalho. Não temos direitos à saúde em algum momento, e somos nós que evitamos com que a população adoeça por doenças epidêmicas; veja a ironia do destino. Não podemos acompanhar os nossos doentes ao hospital, ao médico e nem mesmo o agente tem direito de ir ao médico, nem ao dentista, muito menos fazer fisioterapia quando apresenta seqüelas por acidente de trabalho, descontando no salário do profissional ou deixando agravar mais o problema para não ter descontado o valor, deixando de fazer o tratamento, pois recebemos o pior salário do país.
Por favor, nos ajude a ajudar a população deste município, nos dando suporte e investigando todo este Programa de Combate as Zoonoses, para que esse índice baixe. Faça com que tenhamos saúde, para que possamos promover saúde para todos.
Diante do alto índice de infestação do mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypte, que é de 3,5%, venho por meio desta, pedir ao Ministério da Saúde, que passe a averiguar todas as medidas tomadas aqui em Salvador-Ba, por toda chefia do CCZ e funcionários da FUNASA, no sentido de supervisionar como são tratados os Agentes de Endemias. Os mesmos estão sendo submetido a trabalho escravo, o que se reflete diretamente na qualidade da campanha. Sugiro, a quem de direito, que possa se disfarçar de um Agente de Endemias, trabalhando por uma semana dentro de Salvador e tirem suas próprias conclusões.
Toda chefia do centro de controle zoonoses, não tem condições psicológicas de trabalhar com seres humanos, muito menos, os funcionários da FUNASA que desempenham atitudes ditatoriais, recebidas em épocas passadas, o que não é admissível em nosso tempo. Estamos insurgindo contra essas atitudes. O que me fez demonstrar meu repúdio.
Muito Obrigada.
Atenciosamente,
Os Agentes Martirizados de Combate às Endemias de Salvador
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