16 março 2015

Após protestos, governo promete pacote de medidas contra corrupção

José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto afirmam que governo "vai ouvir a voz das ruas"
Cardozo (à direita) e Rossetto falam no Palácio do Planalto: "Governo admite divergências dentro da ordem democrática, mas repudia atitudes de golpismo"Agência Brasil
Após as manifestações que mobilizaram 1,6 milhão de pessoas em todo o país, neste domingo (15), o governo se pronunciou a respeito dos protestos. Os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência, falaram em entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Afirmaram que, nos próximos dias, o governo vai anunciar um pacote de medidas contra a corrupção — uma das reivindicações dos protestos deste domingo em todo o País. 

Cardozo disse que o governo da presidente Dilma Rousseff "admite divergências e defende as manifestações dentro da ordem democrática". 

— Essas manifestações, tanto a de sexta (13), a favor do governo, e a deste domingo (15), mostram que o Brasil vive um estado democrático e está muito longe de alternativas golpistas. O País assistiu hoje a protestos realizados dentro dos padrões de legalidade. O governo respeita o diálogo e as divergências. 

Cardozo afirmou que o governo promete anunciar, nos próximos dias, um conjunto de medidas de combate à corrupção. Segundo ele, essas medidas ainda não tinham sido enviadas ao Congresso porque necessitavam de ampla análise técnica e jurídica, inclusive porque algumas delas não podem ser de iniciativa do Poder Executivo. No entanto, Cardozo disse que a formulação delas já está em ponto avançado e, por isso, será possível divulgá-las em breve.

O pacote contra a corrupção, que foi uma promessa eleitoral de Dilma, incluirá medidas que visam acabar com a impunidade por crimes deste tipo. De acordo com o ministro da Justiça, o Brasil precisa de uma mudança em seu sistema eleitoral, o que classificou como "anacrônico", e no modelo de financiamento das campanhas eleitorais.

— È importante observar que o governo está atento e quer ouvir as vozes das ruas. É necessária uma mudança do sistema político e eleitoral por meio de de uma ampla reforma, aberta ao diálogo. O governo tem uma clara postura de combate à corrupção, dando autonomia ao Poder Judiciário para investigar e punir. Por isso vamos anunciar um conjunto de medidas de combate à corrupção e à impunidade. A postura do governo é que não se limitar a essas medidas. 

Miguel Rosseto também falou sobre os protestos e alertou sobre "atos isolados", referindo-se às manifestações que pediam o impeachment da presidente e até uma intervenção militar: 

— Manifestações pacíficas e sem violência fazem parte do processo democrático e todas as medidas contra corrupção estão sendo tomadas. Alertamos para a questão do golpismo e das manifestações antidemocráticas".

Em relação à maior adesão de manifestantes em São Paulo, onde, de acordo com a PM, cerca de 1 milhão de pessoas lotaram a avenida Paulista, Rossetto disse que o governo esperava que isso acontecesse, já que a presidente Dilma perdeu a eleição nesse estado. O secretário-geral da Presidência insistiu sobre "atos isolados" que "não devem ser aceitos pela ordem democrática".

O ministro afirmou Cardozo que apenas "uma minoria" dos brasileiros defende "posições extremistas e autoritárias" e disse que a maioria da população "tem um claro compromisso com a democracia". Cardozo também sustentou que o governo "não foi debilitado" pelas manifestações e afirmou que "sabe conviver com manifestações democráticas".

Na mesma entrevista coletiva, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, afirmou que as manifestações tiveram a participação "majoritária de setores críticos" ao governo, que "não votaram" em Dilma nas eleições de outubro.

Rossetto disse que os protestos contra o governo "são legítimos", mas afirmou que "não é aceitável" exigir o impeachment da presidente, o que foi pedido por muitas pessoas nas manifestações deste domingo. Esses tipos de posturas são "infundadas" e supõem "uma agressão à democracia", na avaliação do governo, segundo disse. 

— Houve protestos isolados contra o Supremo Tribunal Federal. São manifestações claras contra a democracia.

Enquanto os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, davam entrevista coletiva sobre as manifestações ontem, panelaços foram ouvidos em vários bairros do Rio, principalmente na zona sul e em Niterói, na região metropolitana.

Em Ipanema, o barulho durou pelo menos 20 minutos. Uma moradora da Rua Bulhões de Carvalho, que preferiu não ter o nome identificado, relatou ao jornal O Estado de S.Paulo que "várias pessoas" foram às janelas batendo panelas. Também foram ouvidas manifestações com panelas em Copacabana, Leblon, Lagoa, Humaitá, Gávea, Jardim Botânico, Flamengo, Barra da Tijuca, Botafogo e Tijuca. Também houve buzinaços, e em muitas residências as luzes eram acesas e apagadas.

Segundo a empresa de consultoria Bites, que faz análise de repercussão em redes sociais, a fala de Rossetto foi qualificada, no geral, como “agressiva”, enquanto que Cardozo foi “apaziguador”. Com isso, Rossetto conseguiu mais menções (17.767 contra 11.574, até as 20h), chegando a entrar no Trending Topics Brasil (lista dos assuntos mais comentados no Twitter).

Os ministros falaram sobre o panelaço. Cardozo disse que são "manifestações legítimas da democracia". O pronunciamento foi considerado "insuficiente" para um dos líderes das manifestações, o empresário Rogério Chequer, principal porta-voz do movimento Vem Pra Rua.
http://noticias.r7.com

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