por Julia Lindner e Rafael Moraes Moura | Estadão Conteúdo
Foto: Antônio Augusto / Câmara dos Deputados
Parlamentares do PT e do PCdoB protocolaram nesta sexta-feira (7) um
mandado de segurança, com pedido de liminar, no Supremo Tribunal
Federal (STF) pedindo a suspensão da Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) do teto de gastos públicos. Considerada prioridade do presidente
Michel Temer, o projeto foi aprovado na quinta-feira, 6, na Comissão
Especial da Câmara dos Deputados e deve ser apreciado na próxima segunda
(10) pelo plenário da Casa. A PEC limita as despesas do governo federal
aos gastos do ano anterior, mais a variação da inflação. A medida é
contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, segundo os
parlamentares, estaria impedido de colocar o projeto na pauta de
votações por ser coautor do texto, e, portanto, ser parte interessada.
Como Maia foi responsável por permitir a análise da PEC na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) e determinar a instalação da Comissão
Especial que aprovou o relatório do projeto, os deputados afirmam que
houve "ilegalidade e abuso de poder" na tramitação da proposta na
Casa. Na ação, os parlamentares também argumentam que a proposta, se
aprovada, vai restringir o poder do Legislativo e do Judiciário para
aumentar seus orçamentos. O pedido aponta limitação "ao exercício de
atribuições e competência dos Poderes da República" e "restrição da
liberdade" dos deputados federais que se elegerão no futuro para
deliberar sobre a destinação dos recursos públicos, na votação das leis
orçamentárias anuais, inclusive para concessão de aumento a servidores
públicos. "Ao retirar, ou ao limitar a competência constitucional dos
Tribunais, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da
União, e especialmente das próximas legislaturas das Casas Legislativas
do Congresso Nacional, a PEC 241/2016 projeta para o cenário normativo
nacional grave restrição, que por fragilizar a relação dos Poderes
Legislativo e Judiciário perante a condução administrativa que o Poder
Executivo implementará tende a abolir aspecto central da atividade
legislativa, qual seja aferir e deliberar sobre a projeção de receitas e
a previsão de despesas da União", diz a peça. Os deputados alegam que o
projeto pretende "afastar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) como
ato normativo balizador para a elaboração dos orçamentos dos demais
órgãos". "Ao afastar a discussão que o Poder Legislativo tem anualmente
sobre as diretrizes que entenda cabível para a elaboração do orçamento
geral da União, a sistemática do sugerido Novo Regime Fiscal concebido
pelo Poder Executivo passa a ser a referência, privando-se os
representantes do titular do poder, o povo, do exercício constitucional
de apreciação e deliberação sobre quais e em quais valores as despesas
da União devem ser previstas", dizem. No STF, o mandado de segurança foi
encaminhado por sorteio para análise do ministro Luís Roberto Barroso.
Caberá a ele, como relator, examinar também um pedido de liminar para
suspender ou não a tramitação da PEC. Assinam a peça os deputados
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luciana Santos (PCdoB-PE), Daniel Almeida
(PCdoB-BA), Afonso Florence (PT-BA), Angela Albino (PCdoB-SC), Jô Moraes
(PCdoB-MG), Francisco Lopes (PCdoB-CE) e Alice Portugal (PCdoB-BA).
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