O ganho real obtido pelos trabalhadores em convenções e acordos coletivos de trabalho desacelerou pelo segundo mês seguido em fevereiro, de acordo com o boletim Salariômetro, da Fipe. O reajuste foi de 0,6%, ante 0,9% em janeiro e 1% em dezembro. É o menor ganho real desde o 0,4% de abril de 2017. Desde então, todos os reajustes ficaram em torno de 1%.
A mediana dos reajustes foi de 2,5% no mês, em termos nominais, contra inflação acumulada em 12 meses pelo INPC de 1,9%. Em janeiro, a mediana foi de 3% e o INPC, de 2,1%. A proporção de acordos com pelo menos reposição da inflação foi de 90,6%, percentual semelhante ao dos meses anteriores. Em fevereiro de 2017, 16% dos reajustes ficaram abaixo da taxa acumulada do INPC.
Além da diminuição do reajuste real, houve forte queda das negociações gerais concluídas no mês. Trata-se da negociação de outros aspectos da relação trabalhistas – não salariais – que podem ser acordados a qualquer momento, não necessariamente na data-base. São itens como banco de horas, compensação de feriados, contribuições extraordinárias, entre outros. Em fevereiro, o número de negociações registradas no sistema mediador do Ministério do Trabalho caiu para 2.285, ante 3.136 no mesmo período do ano passado.
Coordenador do Salariômetro, Helio Zylberstajn afirma que neste ano tem sido mais difícil fechar acordos e, principalmente, convenções coletivas. Os acordos são tratados entre uma determinada empresa e seus empregados, as convenções envolvem toda uma categoria. No caso das negociações que envolvem reajuste de salários, a inflação mais baixa torna mais difícil obter aumentos nominais mais expressivos, afirma o economista da Fipe. Já aquelas que envolvem outros itens podem estar sendo afetadas pela reforma trabalhista. “O fim da contribuição sindical gerou um impasse entre trabalhadores, empresas e sindicatos e isso pode estar travando alguns acordos”, afirma Zylberstajn, acrescentando que tais avaliações são ainda preliminares.
Ele diz que uma ideia mais clara do que está sendo negociado nas convenções e acordos será dada daqui a dois ou três meses, quando o Salariômetro passará a divulgar detalhes desses acordos. “Vamos tabular cerca de 37 itens negociados entre as partes e saberemos quais são os mais recorrentes. As contribuições sindicais estão nesse rol.”
A mediana dos pisos negociados em fevereiro foi de R$ 1.024, 7,33% acima do salário mínimo, de R$ 954. Nas convenções coletivas, o piso mediano foi R$ 1.118, e nos acordos coletivos, R$ 989. Também houve dois acordos de redução de salários, ante 19 em fevereiro do ano passado.
Fonte: Valor Econômico pela Força Sindical.
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