07 junho 2011

EXERCITO DISPENSADO, P.A,s ABANDONADOS E OS AGENTES HUMILHADOS COM R$ 510, A PREFEITURA TEM QUE VALORIZAR SEUS AGENTES

Dengue: Prefeitura dispensa tropa de combate ao mosquito

Exército recebe comunicado na véspera de dois mutirões




Lais Vita | Redação CORREIO

Um quarto tipo de dengue surge e os novos Índices de Infestação Predial (IIP) mostram que todos os distritos sanitários da capital baiana apresentam alto risco de epidemia. Mas, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) diz intensificar o combate ao mosquito, resolveu dispensar soldados do Exército já treinados para colaborar nos mutirões.

Soldados posaram para foto antes do primeiro - e único - trabalho de apoio aos agentes, há dois meses
Segundo o coronel Cláudio Canelas, responsável pela Comunicação do Exército, depois de solicitação do governo do estado, 105 soldados foram treinados para a atividade, mas apenas 25 deles foram a campo e somente por um dia. “Pra gente houve o trabalho da preparação, na véspera dos dias de atividade, conforme combinado, mas a prefeitura disse que não precisava”, afirmou o coronel. 

Há dois meses, a prefeitura anunciou que as Forças Armadas iriam ajudar no combate à doença. Porém, depois de 25 homens atuarem no dia 5 de abril no bairro de Tancredo Neves, a mesma prefeitura decidiu dar um ‘meia-volta, volver’ na tropa e dispensar os outros 40 soldados que estavam programados para atuar no dia 26 de abril, na Mata Escura, e mais 40 preparados para colaborar no dia 17 de maio, em Sussuarana. 

Segundo Eliaci Costa, coordenadora municipal do programa de combate à dengue, não havia previsão de participação dos soldados no bairro de Sussuarana. “Em Mata Escura, eles foram dispensados devido a conflitos na região”, disse, sem dar mais detalhes.

PrecariedadePara piorar a situação, os Agentes de Combate a Endemias (ACE)   prometem entrar em greve amanhã. Segundo eles, as condições de trabalho para realizar as cerca de mil visitas mensais a domicílios são péssimas.

“Não temos condições de continuar dessa forma. Falta tudo”, afirma o coordenador do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e Combates às Endemias (Sindacs), Lázaro Figueredo. “Ganhamos menos de um salário mínimo, sem direito a plano de saúde e trabalhamos em condições precárias”, disse. 

Recebendo um salário-base de R$ 510, os agentes denunciam também irregularidades no trabalho em campo. Eles afirmam que, enquanto faltam capas usadas na cobertura de tonéis e recipientes de água, 60 mil unidades do material foram doadas pelo estado ao município e permanecem estocadas em um galpão de Pirajá, devido à falta de estrutura para distribuí-las. “O município tem 25 kombis com apenas 35 litros de gasolina para utilizar por semana para cobrir toda a cidade. É  inviável”, afirma um agente.

A coordenadora Eliaci Costa afirmou que não faltam capas, e que elas estão sendo distribuídas com critérios bem definidos. “Esse material é distribuído de acordo com as necessidades de cada bairro e seguindo uma lógica traçada pelos imóveis no bairro”, afirmou. Segundo um agente, a grande dificuldade do trabalho está na falta de plano de ações mais eficazes. “Essa metodologia de trabalho foi desenvolvida em 1960. De lá pra cá, muita coisa mudou, principalmente o tamanho da população  e a violência. A prefeitura culpa a população, mas não educa e nem cria mecanismos para punir os responsáveis pela proliferação dos focos”, diz um agente. 

De acordo com Eliaci Costa, estão previstos de 10 a 12 mutirões de combate ao Aedes aegypti em junho, mas, com a greve dos agentes de saúde, 2.200 ACEs devem cruzar os braços, sendo que deste total, 1.600 estão direcionados às ações da dengue, o que vai diminuir a capacidade de trabalho no combate à doença. 

“Se houver greve, vamos rever nossas estratégias. Podemos trabalhar com os 200 agentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e priorizar as áreas de risco”, diz.
 A AACES solicita dos agentes que tiverem fotos de P.A,s em condições precarias para enviar no e-mail aaces@hotmail.com para mudarmos essa realidade.


Fonte: Correio da Bahia.

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