03 junho 2011

Dengue: veneno deveria ter sido trocado em 2009


Ministério da Saúde indicou troca de larvicida há mais de 1 ano

Lais Vita | Redação CORREIO 

O larvicida - veneno utilizado contra as larvas do mosquito Aedes aegypti - que a prefeitura de Salvador usava até o começo deste ano deveria ter sido trocado, na verdade, em 2009, de acordo com recomendação do Ministério da Saúde.

Segundo o órgão, avaliações periódicas são realizadas a cada dois anos para verificar a necessidade de troca do veneno, uma vez que a larva, com o passar do tempo, desenvolve resistência e, consequentemente, o veneno se torna ineficaz.

Essa substituição foi determinada pelo Ministério da Saúde em todo o país em outubro de 2009, depois de uma avaliação realizada no ano anterior indicar que as larvas já estariam se tornando imunes ao princípio ativo anterior. A prefeitura de Salvador, no entanto, só efetuou a troca de larvicida em janeiro.

A coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, Eliaci Costa, alega que o governo do estado não teria enfatizado urgência na troca do veneno e que era necessário preparar a equipe de agentes sanitários. “Precisávamos de tempo para capacitar os agentes de combate a endemias para o uso do novo produto e, no fim do ano passado, fizemos uma aplicação piloto no Subúrbio. A determinação da Secretaria de Saúde do estado era a de que não fizéssemos essa troca imediatamente”, explicou Eliaci.

O CORREIO tentou entrar em contato com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), mas ninguém do órgão foi localizado para comentar o assunto.
INFESTAÇÃO A coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Município, Cristiane Cardoso, afirmou esta semana que a utilização de um novo larvicida é uma das principais causas do aumento do último Índice de Infestação Predial (IIP) - que mede a porcentagem de imóveis que apresentam larvas do mosquito.

Em Salvador, o IIP chegou a 6% em maio, contra 3% em janeiro. O Ministério da Saúde considera que um índice acima de 3,9% é considerado de alto risco de epidemia. O princípio ativo usado anteriormente matava as larvas do mosquito, enquanto que o novo veneno impede que a larva se transforme em mosquito - o que faria o IIP crescer, mas não o número de casos.

Segundo informações do Ministério da Saúde, a afirmação de que o larvicida poderia ser responsável pelo aumento do IIP não tem lógica, já que a troca do veneno é feita exatamente para que não haja resistência da larva em relação ao remédio utilizado, a não ser que tenha havido a suspensão do uso do remédio ou  ele não tenha sido aplicado de acordo com as instruções do ministério, que, por sua vez, seguem os preceitos da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Combate
Junto ao novo índice, Eliaci Costa afirmou que as  ações de combate seriam intensificadas. “Vamos trabalhar de acordo com o novo mapa de índice de infestação predial”, afirmou.

Os distritos sanitários recordistas de infestação, de acordo com o LIRAa,  que serão divulgados hoje pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), incluem os bairros de  Barra, Rio Vermelho e Ondina, com 8% de IIP. Em segundo lugar está o Subúrbio, com 7,8%. Ontem, nenhum dos 1.600 agentes de combate a endemias estava trabalhando neste tipo de ação, segundo a própria SMS.
Bahia já soma 11 mortes pela doença no ano
Boletim divulgado ontem pela Secretária da Saúde da Bahia (Sesab) elevou para 11 o número de mortos no estado em 2011. No boletim anterior, do dia 15 de maio, havia 8 mortes.  Os números de mortes são semelhante aos de 2010. Somente nos últimos 15 dias, três novas mortes foram registradas, nas cidades de Jussara, a 497 quilômetros de Salvador, Riacho de Santana, a 846 quilômetros da capital, e Conceição do Coité, a 210 quilômetros.

Nesse mesmo período, o número de casos em todo o estado aumentou em quase 4 mil, totalizando 31.427 mil casos. Há registros em mais de 80% dos municípios baianos. Segundo dados do boletim, a presença das formas mais graves da doença foram confirmadas em 38 municípios.
Fonte: Correio da Bahia.

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