Foto: Venilton Kuchler/ ANPr
Embora a maioria dos casos de dengue no Brasil ainda seja causada
pelo tipo 1 da doença, cresce em alguns estados a circulação do sorotipo
2, o mais agressivo dos quatro vírus existentes. Dados do mais recente
boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, com estatísticas de 3 de
janeiro até 28 de maio, mostram que, de um total de 2,2 mil amostras
positivas para dengue analisadas em laboratório neste ano, 6,4% já são
do tipo 2, ante 0,7% no ano passado. Além de ser considerado por
especialistas o mais virulento dos quatro sorotipos da dengue, o tipo 2
ainda está relacionado a outro risco no país. Como parte da população
brasileira já foi infectada pelo tipo 1, a ocorrência de uma segunda
infecção por outro sorotipo aumenta o risco de desenvolvimento de uma
das formas graves da doença, que podem levar à morte, como a febre
hemorrágica. Segundo o infectologista Artur Timerman, presidente da
Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, o risco maior em uma
segunda infecção pela doença está relacionado à resposta imunológica do
paciente que já contraiu o vírus uma vez. "Como já existem anticorpos
contra um tipo de dengue no organismo, há uma reação inflamatória
exacerbada, que prejudica o organismo, mas que não consegue neutralizar o
novo sorotipo. O risco de desenvolvimento de uma forma grave da dengue é
de 15 a 20 vezes maior quando se trata de uma segunda infecção". O
grande número de brasileiros infectados pelo tipo 1 nas epidemias de
dengue dos últimos anos é uma das razões que explicam o crescimento dos
casos provocados pelo tipo 2, segundo especialistas. "Como o vírus tipo 1
da dengue está circulando há muito tempo no Brasil, já temos muitas
pessoas imunes a ele. Quando há o contato dessa população com outro
sorotipo, aumenta mesmo o número desses tipos de casos porque há mais
pessoas suscetíveis a ele. E uma segunda infecção por dengue tem
tendência a uma gravidade maior", explica Marcos Boulos, coordenador de
Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, onde o
vírus já é responsável por 13,6% dos casos da doença, ante 0,5%.
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