Foto: PAHO/ WHO
Pesquisadores do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
(Cedeplar), um dos principais centros de demografia do Brasil, afirmaram
que há a possibilidade de redução do crescimento da população
brasileira devido ao surto do vírus Zika. Desde que estudos comprovaram
pela primeira vez a associação entre o Zika e a microcefalia, o que
levou casais a adiarem planos de gravidez, os pesquisadores passaram a
discutir o possível impacto. "Ainda não temos dados suficientes
disponíveis para determinar se haverá uma redução substancial no número
de nascimentos, mas calculo que o impacto poderia ser entre 10% a 15%",
disse a demógrafa Laura Rodríguez Wong, professora do Cedeplar, à BBC
Brasil. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, foram
confirmados 1.638 casos de microcefalia e outras alterações do sistema
nervoso "sugestivos de infecção congênita" em todo o país até 25 de
junho. Outros 3.061 casos suspeitos permanecem em investigação. Dados do
IBGE registram cerca de 2,9 milhões de nascimentos em 2014. Com base na
estimativa de Wong, a doença poderia reduzir entre 300 mil a 435 mil
crianças nascidas no Brasil. Esse cenário aumentaria a tendência de
encolhimento da população brasileira. Por sua vez, o demógrafo José
Eustáquio Diniz, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas
(ENCE) do IBGE, não acredita em um impacto demográfico do Zika, porque
muitas das gestações no Brasil não são planejadas. "Muitas adolescentes e
mulheres que desejam adiar a gravidez neste momento não contam com o
apoio das políticas públicas e nem o SUS é capaz de cumprir seu papel
constitucional", avaliou. "São as mulheres mais pobres que sofrem, pois,
em geral, não possuem dinheiro para adquirir os meios para evitar a
gravidez e nem para arcar com as dificuldades decorrentes de uma
gestação indesejada e o risco de microcefalia dos fetos".
Bahianotícias
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