04 julho 2016

Pesquisa acha relação de consumo de paracetamol na gravidez com o autismo

Pesquisa acha relação de consumo de paracetamol na gravidez com o autismo
Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
Um estudo publicado nesta sexta-feira (01°) na revista "International Journal of Epidemiology" apontou que a ingestão do paracetamol durante a gestação pode aumentar os sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e da hiperatividade em crianças. A pesquisa descobriu que o uso tem associação com sintomas do autismo em meninos e com sintomas relacionados ao déficit de atenção e a hiperatividade em ambos os sexos. O pesquisador do Instituto de Salud Global, de Barcelona, e coautor da pesquisa, Jordi Júlvez, afirmou que este é o primeiro estudo que descreve uma associação independente entre o uso do fármaco durante o pré-natal e os sintomas do TEA em crianças. É a primeira análise, também, que indica diferentes efeitos do paracetamol sobre o neurodesenvolvimento conforme o sexo. Para chegar a essa conclusão, o estudo comparou meninos e meninas expostos de forma persistente ao paracetamol com os não expostos. Segundo a Exame, foi encontrado um aumento de 30% de risco para algumas funções da atenção e aumento dos sintomas do espectro autista no caso dos meninos. Foram recrutadas 2.644 duplas de mãe e filho da Espanha. Uma parte era avaliada quando a criança estava com um ano, enquanto outra parte era avaliada aos cinco anos. As mães respondiam questionários afirmando a frequência de uso do medicamento, classificando como “nunca, esporadicamente ou frequentemente”. Em 43% dos casos das crianças avaliadas com um ano e em 41% dos casos das crianças avaliadas aos cinco anos a exposição ao paracetamol aconteceu em algum momento durante as primeiras 32 semanas de gravidez. Quando as crianças foram avaliadas aos cinco anos, as que tinham mães que consumiam paracetamol apresentavam aproximadamente 40% mais chances de ter sintomas de hiperatividade ou impulsividade que os não expostos. Meninos e meninas expostos de forma persistente mostraram pior rendimento no K-CPT, um exame que mede a falta de atenção, a impulsividade e a velocidade de processamento visual. Os meninos expostos persistentemente ao medicamento apresentaram um aumento de dois sintomas do Transtorno do Espectro Autista, se comparados aos meninos não expostos. "O paracetamol poderia ser prejudicial para o desenvolvimento neurológico por várias razões. Em primeiro lugar, ele alivia a dor ao atuar sobre os receptores de canabinóides do cérebro. Dado que estes receptores, normalmente, ajudam a determinar como os neurônios amadurecem e se conectam entre eles, o paracetamol poderia alterar estes processos", detalhou Júlvez. A principal autora do estudo, médica Claudia Avella-García, esclareceu que a relação do aumento de sintomas do espectro autista ter acontecido só em meninos pode acontecer pelo fato de "o cérebro masculino parecer ser mais vulnerável a influências danosas durante os primeiros períodos da vida".
 
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