Foto: Agência Brasil
A Maternidade José Maria de Magalhães Netto, em Salvador, registrou recentemente a morte de seis recém-nascidos (veja aqui) devido a um surto de infecção pela bactéria Serratia Marcescens.
Casos de bactérias multirresistentes, ou simplesmente superbactérias,
têm se tornado cada vez mais frequentes. Apenas em 2015, a Secretaria da
Saúde da Bahia (Sesab) foi notificada de 2.442 casos, contra 1.367 em
2014. A pasta ressaltou que o aumento está relacionado principalmente ao
trabalho desenvolvido junto às unidades hospitalares para que sejam
feitas notificações e informou que os valores de 2016 não foram
fechados. Ainda assim, o número é preocupante e, segundo a própria
Sesab, não corresponde à realidade, já que há subnotificação. Em
entrevista ao Bahia Notícias, o infectologista Robson Reis afirmou que o
surgimento das superbactérias está relacionado a uma série de fatores,
todos relacionados ao uso inadvertido de antibióticos. “As
superbactérias levam esse nome porque conseguiram desenvolver mecanismos
de resistência à maioria dos antibióticos atuais”, explicou. “A gente
vem falando sobre a questão do ser humano utilizando antibiótico de
maneira inadvertida. Claro que outras coisas também acabam
influenciando, como o uso indiscriminado de antibióticos para a produção
de animais. Em algumas aves ou suínos estão utilizando antibióticos
extremamente potentes para tratar diarreia para que eles possam ganhar
peso mais rapidamente. Outra coisa envolve nossa cultura de se utilizar
antibiótico para tudo. Hoje já temos uma legislação que só permite
vender antibiótico com receita médica, mas anteriormente as pessoas
utilizavam antibiótico de maneira indiscriminada. Tinha uma dor de
garganta, não era um processo infeccioso, mas inflamatório, e se
utilizava antibiótico, por exemplo. Isso faz com que as bactérias criem
cada vez mais um mecanismo de resistência, por meio de uma seleção
natural entre elas. Outra coisa é a prescrição de colegas médicos de
maneira inadvertida em algumas situações. A escolha do antibiótico não
foi correta, o tempo de tratamento foi exageradamente longo... Isso tudo
acaba influenciando”. Não é por acaso que a maioria das superbactérias
surge em unidades de saúde. Nesses locais, principalmente em Unidades de
Terapia Intensiva (UTIs), os pacientes mais graves precisam de
antibióticos mais fortes, chamados de amplo espectro. “Quando você usa
um antibiótico de amplo espectro, que é mais abrangente, acaba tratando
bactérias que não deveriam ser tratadas, então elas desenvolvem esse
mecanismo de resistência”, completou o profissional. Reis ressaltou que o
maior risco que envolve as superbactérias é a possibilidade de não se
controlar mais infecções simples, como urinária e gastrointestinal,
levando ao óbito dos pacientes.
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